Uma semana agitada...

Depois de muito tempo sem macarronada aos domingos... (e hoje também não é dia!). Vamos a mais um post do papai: 

Lá vamos nós... a semana iria ser difícil e angustiante; disso, a gente já sabia... ainda mais depois de nos adaptarmos à maravilha que foi esses últimos tempos, voltamos a ter aquele friozinho na barriga.

Luíza está superbem e brincalhona, porém terça-feira foi aquela sessão chata, pesada e demorada. Ela sempre volta abatida e com a carinha inchada, mas aprendeu a não entrar em casa de mau humor. Passado alguns minutos, já está contando alguma história engraçada ou cantando uma musiquinha (mesmo ficando das 7h30 às 18h no hospital. Isso mesmo: passou o dia todo lá - Luíza e mamãe Rose).

Hoje era o dia do exame que tinha tudo pra ser chato (por causa do tempo: duas horas dentro do bisnagão - apelido que demos para o aparelho de ressonância - sem poder se mover!). O exame foi feito no Hospital da Unimed - só de pensar naquele estacionamento me dá arrepio, já até sabia os corredores que iríamos passar e, parece brincadeira, mas já sentia o cheiro daquele lugar antes de estar lá (tudo, tudo, tudo aconteceu por lá, tirando as sessões de quimio).

Imagina o desespero da Luíza e o nosso! Foi uma semana de xaveco antecipado pra deixar as coisas mais calmas... queria que o meu xaveco funcionasse em mim também...

Mas não deu... Luíza ficou ansiosa (apesar de não demonstrar). Passou um pouquinho mal  e vomitou antes e depois dos exames (ela fez ressonância magnética do abdome e tomografia do tórax). Aposto que ela estava pensando: me deixa fugir, me deixa fugir! Se ela tivesse pedido, eu tinha fugido com ela!

Apesar de ser apenas um exame, tem todo o clima do hospital, as lembranças e as agulhadas (tem a parada do contraste). Saco, né? Tudo tem que ter agulha, pô!? Não dá pra ser uma balinha ou um leite condensado caramelizado com flocos crocantes e o delicioso chocolate Nestlé??? Mas já foi. E depois de um banho quentinho em casa, Luíza já estava cantarolando outra vez e papai e mamãe se recuperando com a cantoria... Ufa!

Bom, como todos acompanham nossa história, gostaria de contar um episódio bem interessante. Hoje fomos fazer o exame cedinho, Luiza passou mal, vomitou 2 vezes e tal. Depois de tudo acabado, voltamos pra casa. Quando abrimos o portão da garagem, nossa cachorra, a Mel, uma boxer de 9 anos (ou seja, ela viu a Luíza nascer e crescer) aguardava ansiosamente com o olhar fixo no carro (ela costuma por o focinho pra fora e olhar as redondezas). Mas desta vez ficou olhando fixamente pro carro e, para nossa surpresa, havia vomitado na garagem duas vezes. Rose desceu do carro coma Luíza no colo e a Mel não tirou os olhos da Luíza... Não tivemos dúvida: abraçamos a boxer e dissemos “Agora está tudo bem, Mel! Agora está tudo bem...”

Tirando essa semana e o friozinho chato que nos impede de passear nas manhãs (caminhadas e bicicleta), o resto está se normalizando. Lembram? Eu disse que nossas adaptações se tornariam rotinas. Então, acho que dá pra usar "normalizando"! 

Faz tempo que não choramos mais pelos cantos nem trancados no banheiro, mas, às vezes, lembramos de alguns momentos pavorosos. Então, fechamos os olhos, tampamos os ouvidos e cantamos alto "lá lá lá lá". Parece ridículo, mas funciona.

Estamos contando os dias e bem animados, principalmente com muitas notícias boas de coleguinhas que também estão bem e histórias com finais felizes de pessoas que nos escrevem de longe - isso realmente é animador! - e sempre que dá, animamos alguém também com nossa história, afinal como a Luíza mesmo diz: "Tamo vencendo!".

É bom também olhar o rostinho da Luíza e ver expressão e a corzinha que voltou (com o tratamento, como muitos sabem, cai tudo - cabelo, cílios, sobrancelhas). Com a falta de cor, a aparência não ajuda muito e isso me doía o coração... e agora ela diz: "por que você gosta tanto da minha penuginha, papai? Tá crescendo o cabelo e, às vezes, fico passando o rosto no cabelinho (penugem) - é tão bom! O cabelo cresce e traz junto a sensação de paz.

Enfim, seguimos firmes em alguns assuntos e batemos o pé para manter algumas regras. Por outro lado, planejamos o final desse pesadelo imaginando que depois do dia tal tudo estará acabado... lógico que não é assim... isso não acaba da noite pro dia. Quem é papai e mamãe entende o que estou dizendo ou quem passou por isso também.

É claro que as sessões de "tortura" pra Luíza terão fim e sua vida social (escola, festinhas, coleguinhas, namorados ...OPA! namorados não!) voltará com muita alegria pra ela, mas nós (eu e Rose) ficaremos aqui de olho no imenso painel e que nenhuma "luzinha" de alerta acenda.

Abraços,

Papai Lê