Há algo que me incomoda bastante quando falamos de luta
contra o câncer. E hoje gostaria de desabafar um pouco sobre isso. Sempre
quando uma pessoa vence essa terrível doença, nós a chamamos de VENCEDORA.
Claro, ela é! E como é! Mas, ao fazer isso, sem querer, estamos classificando
as pessoas que não sobreviveram à doença como “perdedoras”? Isso é um tremendo equívoco!
.
Porque só a luta já a torna uma vencedora. Mesmo que o final
não seja aquele pelo qual esperamos. A partir do momento que se recebe um
diagnóstico de câncer, todos são alçados a uma categoria especial de seres
humanos: a categoria que exige uma dose extra de força e de vontade de viver. E
quando compramos essa briga com a natureza, quando olhamos fixamente em direção
a essa doença e gritamos “sou muito mais forte do que você imagina!”, somos
vencedores.
Cada etapa do tratamento é uma batalha. E a vitória não vem
apenas da cura, mas do modo como enfrentamos o problema. Quantas e quantas
pessoas passaram anos brigando, expondo-se a tratamentos dolorosos, vendo seu
mundo se resumir a hospital, soro, dores, febre e superação, mas, no final,
sucumbiram ao mal? Foi porque foram fracos, por que não tiveram forças
suficientes? Não, amigos! Talvez porque são pessoas escolhidas a dedo por Deus
para ir para perto dele com espírito fortalecido, repleto de fé e devoção à
vida.
Vamos enaltecer essas pessoas! Fica decretado agora que
todos os que foram acometidos pela doença, mesmo que não tenham tido êxito na
luta terrena, serão chamados de VITORIOSOS!
--------------
Pronto, desabafo feito... vamos às notícias da Luíza: a
pouco mais de um mês de completar 9 anos, nossa menina está linda e saudável.
Exames em ordem, vida normal. Ou quase... daquela época de estresse e tensão,
sobraram alguns desafios para superar agora. O nervoso fez com que o emocional
da Lu ficasse um pouco fragilizado e ela desenvolveu alguns mecanismos para
rejeitar a ideia de “doença”.
Ela passou a ter alguns desmaios sempre quando sentia medo de
ficar doente. Se tinha febre por causa de uma gripe, já entrava em desespero.
Quando tinha que fazer os exames de rotina, desmaiava ou tinha náuseas. A
pressão caía e algumas vezes tive que ir buscá-la na escola por estar se
sentindo tonta e com ânsia.
Diante disso, fomos atrás de especialistas: primeiro,
neurologista; depois, cardiologista. Ambos encaminharam para tratamento
psicológico. Conseguimos uma psicóloga recentemente e ela está fazendo terapia.
De fevereiro pra cá, algumas dores de barriga surgiram, o
que nos deixou apreensivos. Voltamos à consulta com a oncologista e, como os
exames estavam ok (graças a Deus!), fomos encaminhados para uma gastro. Exames de fezes, urina e
raio x, mais uma boa análise no consultório, levaram a outro diagnóstico:
Síndrome do Intestino Irritável, uma disfunção intestinal gerada por...
estresse! Ele, mais uma vez. Remédio? Tratamento psicológico (que bom que já
estamos fazendo) e alimentação saudável (estamos nos esforçando bastante quanto
a isso).
Bem, realmente eu não tinha a ilusão de que sairíamos ilesos
daquele ano de tensão total. Mas não imaginei o quanto o organismo da gente
responde ao nosso caos interno. Quando o emocional é afetado por medo, angústia,
nervosismo, o corpo passa a dar sinais.
Luíza está bem agora, sem dor de barriga, com ótimo apetite,
com energia de sobra na escola (foi até viajar com a turminha esses dias!). As notas na escola estão excelentes, ela tem uma rotina cheia de atividades gostosas e estimulantes. Só cuidar e agradecer a Deus mais uma vez por nos dar a chance de superar os obstáculos que surgem e acreditar que a vida sempre é melhor do que a gente imagina.
Um beijo