segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Transmitindo esperança...

Fevereiro teve início com uma bela, esperada e grandiosa novidade: a volta para a escola. Foi mais um momento que rendeu muitas lágrimas e emoção de sobra para os papais aqui.
Estar de volta ao convívio escolar é um sinal de vitória, assim como o crescimento do cabelo e tantas outras coisas que retomamos nos últimos meses.

Luíza estava feliz, ansiosa, animadíssima para recomeçar a sua rotina escolar. Muitos amiguinhos a reconheceram e isso a deixou bem alegre. Fomos com ela até a sala de aula e o nó na garganta era enorme. Fomos recebidos pela diretora, dona Graça, e pela professora, Silvana, que acompanharam a história da pequena aqui pelo blog (e também através do contato que mantivemos ao longo do ano passado).

Ainda estamos curtindo esse momento de redescoberta com bastante cuidado e carinho. Logo virão novas conquistas, se Deus quiser!

Enquanto isso, ainda mantemos uma certa rotina de hospital, já que os exames de acompanhamento e as consultas são necessários. Dia 2 foi dia de hemograma e visita à dra. Ana. Sem querer ser redundante, temos mais uma vez que erguer as mãos aos céus. Os exames estão ótimos, sem nenhum sinal de preocupação, e os super-heróis da princesa estão a postos.

Dra. Ana a abraçou e parabenizou por mais essa vitória (sempre é uma vitória ver tudo caminhando bem).

Em casa, seguem os cuidados com a alimentação e com a homeopatia, que vamos manter por mais cinco anos, pelo menos. O Bactrim - antibiótico que ela toma desde o começo do tratamento e que tem o objetivo de prevenir pneumonia fúngica - segue até o final desse mês. Depois, estamos livres.

Na mídia

A nossa luta sempre foi exposta aqui no blog de peito aberto. Isso nos ajudou demais na caminhada e recebemos muito apoio de perto e de longe. Agora queremos passar essa força adiante. Por isso, ao sermos convidados para dar entrevista falando sobre o que passamos, aceitamos de coração e sempre com a intenção de mostrar para quem está enfrentando a doença que sim, é possível vencer e ser feliz novamente.

Vou colocar abaixo duas matérias que foram publicadas recentemente e que pudemos dar a nossa contribuição. Uma delas saiu no jornal Bom Dia Bauru, da Rede Bom Dia, de autoria da jornalista Cristina Camargo:
http://www.redebomdia.com.br/flip/bauru/2012/2/12/index.html




A outra foi publicada na revista O Perigo do Câncer, da Editora Alto Astral, que está nas bancas e é um excelente material sobre o assunto:




A seguir, reproduzo a matéria da jornalista Adriana Serrano:

A superação é possível

Ninguém passa imune emocionalmente por um diagnóstico de câncer, mas especialistas (e pessoas que viveram o problema) mostram que essa experiência pode, sim, ser positiva. Veja como!

Texto Adriana Serrano Design Larissa Ramos

“Os exames demonstraram que você tem um tumor”. A frase, vinda assim, clara e objetiva da boca do médico, não deixa dúvidas sobre o diagnóstico. Mas o que se passa na cabeça e no coração de quem ouve essa mensagem não é nada simples nem objetivo.

“Quando você recebe um diagnóstico de câncer, a primeira reação é de pavor. Ainda mais quando a notícia cai como uma bomba, de repente, e no ser mais importante de sua vida: sua filha de seis anos”, relata a jornalista Rose Araújo, que enfrentou, através da filha Luíza, a experiência do câncer infantil.

A menina foi diagnosticada com tumor de Wilms no rim e nem o prognóstico favorável (as chances de cura giram em torno de 90%) impediram que toda a família ficasse desesperada.

Casos como os de Rose e Luíza infelizmente estão se tornando cada vez mais comuns, à medida em que o câncer avança, mas a doença não representam mais, como no passado, uma sentença de morte.

Por isso, o enfrentamento psicológico do problema vem se tornando parte essencial do tratamento, já que contribui para uma resposta mais positiva aos medicamentos e, inclusive, uma melhor aderência à longa jornada de superação da doença.

A relatividade do tempo

“Foram apenas duas horas entre o diagnóstico e a cirurgia”, lembra a mãe de Luíza. De fato, em muitos casos de câncer, o tempo pode ser o maior inimigo da cura e, por isso, é preciso agir rápido, o que exige ainda mais do emocional. Isso sem falar no quanto a vivência do tempo muda para quem acaba de identificar um câncer: a avalanche de emoções pode fazer com que horas sejam vividas como segundos, e vice--versa. “Esse é um momento que precisa ser conduzido com muito discernimento por parte do profissional encarregado de informar e orientar sobre a situação. As reações são muito diversas, bem como as estratégias de enfrentamento”, pontua a psicóloga Andréa Costa Dias, do Instituto Lado a Lado pela Vida. “O corpo e as emoções (insegurança, medo, angústia, incerteza) assumem o primeiro plano, e o cotidiano tem de ser redimensionado, pois deve incluir as várias etapas do percurso de tratamento”, completa.

A confusão de emoções de quem passa por essa experiência trágica deixa os principais envolvidos “fora do ar”, num momento em que há muitas providências urgentes a tomar: como consequência, as obrigações do dia a dia (entre elas o próprio cuidado consigo) vão ficando para trás. Enquanto todos se reorganizam emocionalmente para voltar à estabilidade, poder contar com um ombro amigo pode ser de grande valia. “Recebemos muito apoio de todos à nossa volta. Palavras de fé, orações, telefonemas e amparo dos amigos e familiares foram nossa pilastra nos dias mais difíceis”, confirma Rose.

Esse tipo de apoio, durante o tratamento, pode ser mais valioso do que parece, já que dividir a dor, falar sobre o que se sente, ajuda muito no caminho da superação. “É relevante também não sucumbir à ‘ditadura da fortaleza’, como se fosse possível ser forte todo o tempo. Chorar, entristecer-se, faz parte das situações difíceis da vida, e com o câncer não é diferente”, aponta Andréa.

Positividade sempre

Outro segredo de quem enfrentou com sucesso um tumor é a vivência positiva de cada passo do tratamento.

Isso significa olhar com entusiasmo para o que está dando certo, passando por cima do que não está, e lutar para jamais perder a fé. “O câncer pode se apresentar apenas como uma grande tragédia, mas pode também vir como uma grande oportunidade de mudanças. Positivar essa experiência é a melhor forma de se passar por ela”, diz a psicóloga Mariana Lima, que faz parte da equipe multidisciplinar da Oncomed, de Belo Horizonte (MG). “Não estou deixando de lado ou banalizando o sofrimento que alguns têm frente ao diagnóstico ou ao tratamento mas, na minha prática, é muito claro como as pessoas se surpreendem com a sua capacidade de superação e ressignificação do câncer como algo que veio para dar um novo norte a suas vidas e passam a valorizar o que de fato é importante, tentando viver de forma mais saudável e leve”, afirma. A confiança na equipe médica e no que o tratamento é capaz de oferecer é, ainda, uma nova chave para a superação dessa jornada emocional: acreditar que há uma saída, por mais difícil que tudo possa parecer, e cumprir à risca as recomendações  médicas, faz toda a diferença e precisa ser encarado com seriedade.

Volta para si

De acordo com Mariana, uma das principais lições deixadas pelo câncer é a necessidade de olhar para si, se cuidar e viver de uma forma mais saudável, tanto emocional quanto fisicamente. “Há uma retomada de valores e necessidades e uma priorização de si mesmo”, diz, explicando que o próprio tratamento exige essa conscientização.

Por conta disso, a doença pode representar uma oportunidade (e, na verdade, uma necessidade) de deixar de lado todos os problemas rotineiros para cuidar de si, revendo prioridades e hábitos de vida pouco saudáveis, que representam a causa da maior parte dos tumores em todo o mundo. Para a psicóloga do Instituto Lado a Lado, a ansiedade vai se dissipando conforme se encara o problema. “À medida em que o tratamento  vai acontecendo, as coisas se tornam mais contornáveis, mais possíveis. Muitos passam a rever medos e conceitos anteriores relacionados ao câncer; principalmente a ideia de que não haveria muito que ser feito”, garante Andréa.

Vontade de vencer

Para Rose, a vontade de vencer o câncer é fundamental na superação. Ela dá a receita: “é preciso pensar sempre que as coisas estão dando certo, mesmo quando elas dão errado. Encarar o processo por etapas, um dia de cada vez, acreditando que tudo vai estar melhor quando amanhecer. Acreditar no poder dos remédios e na experiência da equipe médica e – fundamental – não se deixar abater pelas dores dos semelhantes. Até parece egoísmo, mas deixei de acompanhar blogs que tratavam sobre câncer e procurei não entrar em detalhes nas histórias que ouvia no hospital. Por mais que cada caso seja um caso, a gente acaba  absorvendo a dor das outras mães e dos outros pacientes. Criei um blog para contar nossa luta e ele foi importantíssimo para manter a nossa força. Através dele, pudemos compartilhar nossa angústia e nossas vitórias. Quando dividimos a dor, ela se torna menor. E recebemos muito apoio e carinho de todos os leitores.”

Doença que provoca doença

O estresse vivido por um diagnóstico de câncer é tão grande para algumas pessoas que pode chegar a provocar transtornos psicológicos. Um dos mais expressivos é o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), um conjunto de sintomas específicos desencadeados pela exposição a um evento traumático, que envolve morte, sério ferimento ou ameaça à integridade física do indivíduo. “O câncer é uma doença que se encontra ainda muito impregnada por mitos e associada à morte no senso comum. Mesmo em casos em que haja um bom prognóstico,
pode desencadear o transtorno de estresse póstraumático”, afirma Mariana.

Além do TEPT, outras patologias de ordem psicológica, como depressão e ansiedade generalizada, podem ser desencadeadas pelo diagnóstico de câncer, e não devem ser ignoradas. “Por isso é tão importante o acompanhamento psicoterápico nessa fase, para que exista uma avaliação e um cuidado especial nesse momento”, orienta a especialista.

Uma nova identidade

A exposição de diversos casos de câncer na mídia, envolvendo pessoas queridas do grande público, como o ex-presidente Lula e o ator Reynaldo Gianecchini, traz a doença mais para perto da população que não convive com ela diretamente. Nesse sentido, o choque pela mudança
no visual (cabelos raspados para evitar a queda, que é a marca da doença) é o que mais chama a atenção, causando comoção geral. No entanto, a necessidade de se desprender do passado e refazer a identidade por conta da doença é emergente, embora represente um processo bastante
complicado do ponto de vista emocional. “Para muitas pessoas, a experiência do câncer, assim como uma série de outras experiências intensas e viscerais, tende a se tornar um ponto de parada, uma abertura para reposicionar-se diante de si, das relações com os outros e com o mundo”, lembra Andréa. É o momento, portanto, de dar as boas-vindas ao novo. E de aprender, de uma vez por todas, o significado da palavra “superação”.

 “Não sei de onde sai a força, mas conseguimos olhar de maneira positiva para tudo o que acontecia. Cada conquista era comemorada. E sempre procuramos monitorar nossa mente para não ter pensamentos negativos. Claro que não somos de ferro e vivemos dias de angústia, principalmente nas duas internações que ela enfrentou durante a quimioterapia. Eu e o meu marido nos revezávamos nas aflições. Quando ele caía, eu o erguia. E vice-versa. O fato da Luíza ser criança também foi um bálsamo, porque ela não tinha a dimensão do problema. Quando não estava passando mal, ela sorria, brincava e mostrava que a vida podia ser normal novamente. Algumas vezes, foi ela quem me levantou psicologicamente, mostrando que estava bem e que queria passar por tudo isso com força e alegria.”

Rose Araújo, mãe de Luíza (6 anos), que se salvou de um câncer no rim


3 comentários:

  1. Rose ... maravilhosaaaa ..... parabens pela força nao cansode falar me emociono com cada relato seu
    bjsssssssss

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  2. Rose, trabalhei faz um tempinho na editora e não sabia que vc tinha passado por isso. Digo passou porque com certeza ela está curada! Deus abençoe vocês! Tenho uma filhinha de um ano e fiquei aqui chorando imaginando que difícil situação. Parabéns pelo blog e coragem!

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  3. Que legal que tudo está voltando ao seu lugar...

    Lembra quando eu disse que todas as dificuldades serviriam de temas para doces conversas em tempos que haveriam de chegar?

    Logo logo tudo o que houve será lembrado como uma batalha que foi vencida e que só serviu para unir e fortalecer o sentimento de família e amigos.

    Parabéns pelas conquistas e que sejam perpétuas, contínuas, plenas, afinal vocês merecem...

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