segunda-feira, 19 de março de 2018


Os monstros e bruxas reais


               Já fui guerreira e venci batalhas, com monstros muito fortes e bruxas, que mesmo eu achando o contrário, eram boas.
            Esses monstros eram tão fortes que eu não pude combatê-los sozinha em casa, tive que pedir ajuda a heróis. Na verdade, eles só se tornaram heróis mais tarde pra mim, pois eu achava que eles eram os vilões.
            Depois de muita batalha, os heróis derrotaram os monstros. Mas esse não era o fim, pois depois de uma luta, você precisa se recuperar.
            Então vieram as bruxas, as quais eu achava que eram más, mas não eram!
            Para eu me recuperar, as bruxas precisavam colocar poções dentro de mim, e essa era a pior parte, porque doía muuuuito!!
            Era sempre muito chato ter que esperar a poção inteira ser “injetada”. Durante esse tempo, minha mãe lia pra mim, ou eu brincava com os outros pequenos guerreiros (os quais eu nunca consegui lembrar o nome).
            Essa experiência teve algumas consequências, mas com toda certeza, a que eu menos gostei foi ter que raspar o meu cabelo.
            Lembro que no dia, depois que eu cortei o cabelo, olhei no espelho e na mesma hora pensei: “Eu sabia, fiquei parecendo um menino!”
            Acho que foi uma das piores sensações do mundo, mas não tinha o que fazer, minha única opção era aceitar, e foi isso que eu fiz.
            Com o tempo, minhas defesas foram ficando mais fortes, e eu também, a quantidade de poções foi diminuindo, os heróis começaram a parecer realmente heróis e as bruxas se tornaram verdadeiramente boas.
            E foi assim que meus olhos de seis anos enxergaram uma quimioterapia, com os heróis (médicos) e as bruxas boas (enfermeiras).


* Texto escrito por Luíza para uma redação da escola.


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