Considerado a “doença do século”, o câncer ainda preocupa muito. Apesar de toda a evolução no tratamento e no diagnóstico, a doença não para de fazer vítimas. Dados da Secretaria de Saúde de Bauru confirmam isso. Somente em 2012, 400 bauruenses morreram. Porém, casos de pessoas que superaram a doença mostram que vale a pena lutar.
Hoje, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Apesar da grande mortalidade, o número de óbitos diminuiu em relação a 2011. Os dados mostram que foram 433 mortes, ou seja, 2012 teve uma redução de mais de 8%.
Mas essa diminuição não deve iludir. Nos últimos quatro anos, foram 1.655 vítimas fatais em Bauru por conta do câncer. “Hoje, o diagnóstico é mais precoce. O que ajuda bastante na possibilidade de cura. Mas ainda é considerada a ‘doença do século’”, alerta a coordenadora de oncologia clínica do Hospital Estadual (HE), Ana Cristina Xavier Neves.
Outra informação que ajuda a dar dimensão do risco real no câncer é que a doença tinha muita subnotificação no passado. “Muitos morreram de câncer sem terem sido diagnosticados. Hoje, 90% dos casos têm o diagnóstico”.
Em suma, o câncer é o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos. A temida e perigosa metástase é quando a doença se espalha para outras regiões do corpo.
“A causa pode ter origem hereditária e também em inúmeros fatores ambientais. Deles, o principal é o fumo, mas há também radiação, doenças virais e até mesmo a alimentação”, explica a médica.
É justamente por ser tão multifatorial que não se descobre a cura exata do câncer. “Como você pode ver, há uma prevenção. Se as pessoas evitarem essas condições ambientais, o risco de ter câncer é bem menor”.
O tratamento atual possui três pilares: a cirurgia de retirada do câncer, quimioterapia e radioterapia. “Tanto o tratamento quanto a conscientização dos médicos melhorou bastante. O problema é que, mesmo com o diagnóstico mais precoce, ainda há muitos pacientes que chegam em estado muito avançado, o que dificulta o tratamento.”
Em quimioterapia
Além dos dados de mortalidade, outra estatística mostra a face da doença. “Só no Hospital Estadual, há, atualmente, 1.500 adultos fazendo quimioterapia e cerca de 50 crianças”, revela a coordenadora de oncologia clínica do HE.
Ana Cristina alerta ainda que há vários sinais que podem denunciar a existência de um câncer, contudo, o conselho geral é ficar atento a qualquer dor constante. “Se a pessoa tem uma dor persistente em algum lugar do corpo, o fato precisa ser investigado. Ela precisa procurar um profissional”, finaliza a oncologista.
Serviço
O Hospital Estadual atende pelo Serviço Único de Saúde (SUS) em Bauru. O encaminhamento é feito pelo Serviço de Orientação e Prevenção do Câncer (SOPC). O órgão fica na rua Manoel Bento da Cruz, 26-11, Vila Santo Antônio. O telefone é o 3218-9086.
HPV como causa do câncer
Uma das principais causas de alguns tipos de câncer é o papilomavírus, ou HPV, transmitido nas relações e carícias sexuais, incluindo beijo e sexo oral. O HPV está associado ao câncer de útero, boca, orofaringe - ou garganta - e peniano. A vacina contra 4 tipos de HPV em meninas e meninos de 9 anos previne este tipo de câncer pelo resto da vida.
Vem cá Luíza, me dá tua mão...
Aceituno Jr. |
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“Quando você divide a dor, ela diminui”, resume Rose Araújo, mãe da pequena Luíza
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17 de dezembro de 2010. A família de Luíza Araújo Peres, hoje com 8 anos, preparava-se para o Natal. Naquele dia, todos os planos foram interrompidos por uma notícia brusca. Ao levar a pequena ao médico com uma dor abdominal insistente, foi descoberta uma “massa” no rim. Pouco depois, veio a confirmação: a menina, que sempre foi saudável, estava com um tumor maligno. Tratava-se de um tumor de Wilms, um tipo de câncer renal comum em crianças. “Foi um choque. Mas, a médica disse que iria tirar e que nós não precisávamos sair do hospital e se jogar na frente de um caminhão”, conta a mãe de Luíza, Rose Araújo, 38 anos.
“Nós nos desesperamos, mas tivemos que segurar a onda e entrar no quarto, olhar pra carinha dela e enfrentar. Ela precisava da gente forte e passando segurança”, aponta. O rim direito de Luíza foi retirado. A partir daí, começou outra luta. Era preciso fazer radioterapia e quimioterapia. “Não há um equipamento decente em Bauru para radioterapia e era véspera de Natal. Então, tudo era mais difícil”.
O tratamento durou 34 semanas. Foram 27 sessões de quimioterapia. Cada mês que passava, Luíza comemorava e tirava a folha do calendário. A válvula de escape foi criar um blog. O “Vem cá Luíza, me dá tua mão...” (umalindaluiza.blogspot.com.br) era, ao mesmo tempo, uma forma de contar a amigos e familiares o passo a passo do tratamento e pôr para fora a angústia. “Quando você divide a dor, ela diminui”, resume Rose Araújo.
Um ano depois de luta árdua, Luíza voltou para a escola. Os exames semestrais mostram que ela não tem mais nada. Em janeiro deste ano, Rose voltou a postar, após seis meses, no blog. “Como é bom perceber que o pesadelo é cada vez mais distante da nossa realidade”, diz, na postagem. Já a Luíza voltou ao hospital. Dessa vez, não usava a vestimenta de paciente. Fantasiada de fada, ela levou brinquedos para os amigos que ainda estão na luta. Na verdade, levou esperança.
‘Coloco a bola no meio campo e parto para a vitória’
Seu time está com a vitória nas mãos até o fim do segundo tempo. O título está próximo. Parece que nada pode dar errado. Então, de repente, o adversário vira o placar. Como levantar a cabeça e reiniciar a partida? É essa a lição que Lucas Roberto Brandino Leme, 25 anos, passa a todos que conhecem sua história. Com o sonho de ser jogador desde que nasceu, o garoto, apelidado de Kejinho, passou por diversos clubes como Guarani, União São João, XV de Jaú e Toledo, sendo convocado para a Seleção Paulista sub-15 e pré-convocado na Seleção Brasileira da mesma categoria.
Quando tinha 15 anos, assinou contrato para jogar no clube italiano Roma. Entre alegria e expectativa, Kejinho começou a sentir algo estranho quando se exercitava “Eu estava treinando e passei mal, tive falta de ar e, um dia, acabei desmaiando”, conta. Ao procurar um médico, descobriu o pior. “O médico diagnosticou um câncer e me deu duas semanas de vida. Ele falou que o estágio da doença era muito avançado e, como estava muito grande no meio dos meus pulmões, ia acabar estourando eles”, lembra.
Kejinho e seus familiares ficaram em choque. Segundo ele, “muitas pessoas, inclusive médicos, não acreditaram que eu superaria esse problema, mas nunca pensei em desistir”. Após três anos de tratamento, Kejinho realizou os exames necessários e sua doença havia sido inteiramente curada. “O tratamento foi muito bom, mas tem três coisas que me seguraram: Deus, minha família e meu sonho de jogar futebol.”
Hoje, dez anos após o susto, ele está totalmente curado. Cursa administração e trabalha em uma agência bancária em São José do Rio Preto. De toda a doença, ficou a lição sobre o que fazer em situações graves: “coloco a bola no meio campo, reinicio a partida e parto para a vitória”.
Cartilha
A edição de ontem do JC veio com uma cartilha mostrando como os alimentos certos podem ajudar a eliminar as células cancerígenas. Ao todo, foram confeccionados 30 mil exemplares, com parceria do Jornal da Cidade e apoio da 96 FM, Associação Bauruense de Combate ao Câncer (ABCC), Grafilar e Ducom Design e Propaganda.
A cartilha “Como a alimentação pode ajudar a prevenir e vencer o câncer”, uma iniciativa da Rádio Auri-Verde, mostrou como cada alimento pode agir para prevenir os mais variados tipos de tumores.