domingo, 26 de junho de 2011

A felicidade é do tamanho que a gente faz...

Olá!

Tem certas coisas que você só aprende com a experiência de vida. Eu, por exemplo, posso dizer que todos os dias tenho conhecido uma nova maneira de enxergar o mundo. Claro que reclamo das coisas, que nem tudo acontece como eu queria... tem dias em que me revolto também. Porém, certos acontecimentos são boas lições para todos nós.

Junho chegou e trouxe com ele as festas tradicionais. Fiquei um tiquinho triste por pensar que a Luíza neste ano não iria participar desses eventos. Ela, como sempre, não reclamou de nada, não comentou nada sobre o assunto e, talvez, nem estivesse preocupada com isso mesmo.

No feriadão, recebemos visitas mais do que queridas: os avós de Rio Preto, o priminho tão amado e os tios/padrinhos mais bacanas desse mundo. A tia Gi, carioca que só ela, ligou perguntando se seria conveniente fazer uma festinha junina surpresa para a Lulu. Respondi que seria ótimo!

Sábado à tarde começaram os preparativos para o grande "Arraiá da Luíza". Ela ajudou a pendurar as bandeirinhas na maior animação. À noite, vestiu a roupinha de noiva do ano passado, colocou o chapéu de tranças e emprestou o rosto pra mamãe pintar muitas bolinhas. Ficou uma lindeza, sô!







A felicidade dela era tanta que nem dá para explicar. Disse que queria dançar quadrilha. Ela lembrou de todos os passos e ensaiou vovô, vóvó, mamãe, papai, tio, tia...

O clima ajudou. Não estava frio e ficamos todos juntos em volta da mesa no quintal, repleta de guloseimas: pé-de-moleque, pipoca, milho, paçoquinha... Ela sorria, brincava com todos, comia... até que falou: "vamos, gente, dançar!".

Tia Gi providenciou a música e a quadrilha foi formada. Como o noivo fugiu (o Pedro não quis dançar de jeito nenhum!), Luíza dançou com o papai. Mamãe aproveitou que ficou de fora da roda para fotografar cada momento.

Sério: nunca vi uma quadrilha tão divertida! Aliás, nunca tinha visto meu pai dançar quadrilha com tanta dedicação... nem minha mãe se requebrar direitinho ao som da sanfona! Tio Marlon e tia Gi deram show, enquanto vovô Nelson e vovó Vanja eram uma animação só! Que festa linda!

Nossa princesa estava plena de felicidade no meio da roda. Sua animação, suas gargalhadas, sua dança contagiante nos mostrou o quanto podemos escolher ser feliz. Grande lição Luíza nos deu mais uma vez. Ela optou por se divertir, por aproveitar cada minuto da festa, sem lamentar nada. Só viveu aquele momento da melhor maneira possível.

Essa minha menina é de ouro mesmo!!!

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Na semana passada, a quimio foi rápida. Luíza dormiu o tempo todo. Eu aproveitei para conversar com a dra. Ana. A nefrologista que iria nos acompanhar foi embora de Bauru. Fizemos os exames que ela pediu, marcamos retorno, mas não teremos mais o atendimento. Dra. Ana disse para esperar um pouco, já que não é caso de urgência. Assim que terminar o tratamento, ela nos indicará outra médica para acompanhar a Luíza nos cuidados com o rim.

Reforçou mais uma vez que o tratamento está indo bem e que logo chegará o fim. E nos deu uma ótima notícia: disse que a Luíza já pode ir ao cinema!!! Claro que temos que escolher uma sessão tranquila, de preferência num dia de semana à tarde. Ela pediu para não falarmos isso pra Lulu pra não causar ansiedade, mas garantiu que ela tem condições de dar um passeio como esse, ou talvez no zoológico, num dia de pouco movimento...

Foi uma alegria imensa ouvir isso! Sinal de que as coisas estão caminhando bem e que esse pesadelo está chegando ao fim.

Vamos com calma, nada de afobação. Podemos estudar uma maneira de dar essa alegria para a Luíza sem expô-la a riscos desnecessários. Afinal, em time que está ganhando não se mexe.

Nessa semana, Luíza está de folga da quimioterapia. Agora, só deve voltar ao hospital em julho. Alívio!!! Em julho também deverá fazer ressonância magnética para reestadiamento. Ou seja, para checar se está tudo bem.

E estará tudo em ordem, tenho fé!

Beijos e boa semana a todos!
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um cheiro de nostalgia no ar...

Véspera de terça e cá estamos nós arrumando a bolsa para mais um dia de hospital. Amanhã é dia de acordar cedo e seguir para o Hospital Estadual para a já conhecida sessão de quimioterapia.

O bom é que na agenda de amanhã temos apenas um medicamento, o vincristina. A previsão é de voltar cedo pra casa. Ufa!

Semana passada Luíza fez hemograma, pesou e mediu. Só notícia boa: cresceu mais 0,5 cm (está com 1,17m), engordou quase 1kg e estava com o exame de sangue em ordem. Que beleza!

Estamos seguindo tudo direitinho e o organismo tem respondido positivamente. A alimentação continua forte, no esquema ferro + vitamina C; a homeopatia segue ininterrupta e a exposição da Luíza ao mundo externo está bem controlada.

Vou dizer uma coisa: essa disciplina é cansativa, mas tem valido muito a pena.

Doces recordações
Mudando de assunto, na semana passada fui buscar o DVD da formatura da Luíza do pré. Tinha até me esquecido dele, em meio a esse tumulto que virou nossa vida.

Nos reunimos na sala para assistir: eu, Luíza e Lê. Foi tão emocionante! Não segurei as lágrimas... Lulu superfofa, com 5 aninhos, bochechuda, cabeluda e no meio dos amigos. Que delícia! Que saudade daquela turminha: Lívia, Sofia, Igor, Mateus, Ana Paula, João, Iaci, Letícia... Luíza adorou rever os amiguinhos e lembrou com carinho deles.

Depois da formatura, ela mudou de escola, assim como a maioria dos coleguinhas. Cada um foi pra um lado, mas alguns ainda têm contato conosco, mesmo que por e-mail. Amizades que valem a pena cultivar!


Nesse ano, Luíza não volta pra escola. Mesmo depois que o tratamento acabar, vamos mantê-la em casa. Não vai dar para aproveitar o ano letivo, pois ela já perdeu bastante aula. Não vejo a hora de voltar a essa rotina de levá-la ao colégio, ir nas reuniões de pais, ir às festinhas, aos aniversários...
Aff! Tô nostálgica hoje! rs

A seguir, vou colocar um texto superinteressante que recebi sobre educação de filhos. Tem muito a ver com esse momento que estamos passando com ela:

"Elogie do jeito certo
Autor: Marcos Meier, mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante
Recentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos.
O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta que você é!”, “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!” ... e outros elogios à capacidade de cada criança.
O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!” ... e outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.
Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência.
As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.

A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas.

No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado.

Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo... você é ético”, “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... você é solidária”, “isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.

Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil.
Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa."

Um abraço,

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dilemas, eles sempre aparecem!

Apostar na alegria ou na prevenção? Tem horas que uma se opõe à outra e é necessário fazer uma escolha. Difícil, diga-se de passagem!

Com esse frio que anda fazendo, estamos enclausurando a Luíza o quanto podemos. Temos muito medo de expô-la à friagem e à bagagem que costuma vir junto com o inverno: gripes, resfriados, viroses, etc, etc, etc...

Mas, pensa bem: viver 24 horas trancada em casa não é mole, não! E olha que ela é bastante compreensiva e nem fica pedindo muito pra sair.

Sábado, aproveitando o solzinho da manhã, saí com ela pelas ruas do bairro. Um passeio simples, mas que pra ela tem muitas nuances. Ela sempre encontra algo diferente pela rua para observar. Dessa vez, descobriu que tem cactos plantados nas calçadas da vizinhança. E ficou encantada com essa planta que só conhecia dos desenhos do Pica-pau!

A corrente de ar estava cortando a pele de tão gelada. Então, encurtei nossa voltinha e rumamos de volta ao lar. Porém, antes de chegar ao nosso portão, passamos em frente à casa dos nossos vizinhos e amigos Fer e Flávia. Luíza, que adora a Letícia (filhinha deles e nossa afilhada), escutou barulhos vindo da garagem e espiou pelo portão. Letícia também a viu e foi uma festa. Queria porque queria ver a amiguinha! Flávia abriu o portão, meio receosa, pois sabe que Luíza ainda não pode ficar tão pertinho de outras crianças.

Quando as duas se viram frente a frente, foi uma coisa doida! Letícia, que só tem dois aninhos, estava louquinha pra ficar perto da Luíza que, por sua vez, queria abraçar a Letícia... ai, gente, meu coração partiu! As duas se gostam muito e nós acabamos colocando um muro entre elas!!! Mesmo assim, com certa distância uma da outra, as duas brincaram, riram, se divertiram a valer. Tão lindo de ver!!!

Sei que a Flávia e o Fer entendem perfeitamente porque temos cuidado redobrado. Não é só com a Lelê, é com todas as crianças. O único que chegou perto da Luíza nesse tempo todo de tratamento foi o Pedro, o priminho dela. Esse encontro é realmente inevitável! Os dois se amam demais, o Pedro sente falta dela e ela mais ainda dele. Então, uma vez a cada dois meses (mais ou menos), ele vem visitá-la.

Precisamos colocar na balança e pesar bem a situação: permitir essa alegria a ela nesse momento é mais saudável do que colocá-la numa redoma de vidro? A gente acredita que sim, por isso, promove o encontro dos dois. Claro que todos sabem que, para isso, o Pedro tem que estar superbem de saúde e a Luíza também, para que o próprio organismo sirva de barreira contra vírus e bactérias intrusos...

Domingo, outro dilema: Luíza queria ir na casa da vovó. É a segunda casa dela. Todos os dias, quando saía da escola, era pra lá que ela ia até eu chegar do trabalho. Então, o território é dela.

Como vovô e vovó estavam bem de saúde, eu a levei um pouquinho lá. Foi uma alegria enorme ao entrar na casa. Ela corria de um cômodo a outro, pegava seus brinquedos, ia no jardim, tudo muito intenso para aproveitar o tempo que estava lá. Ficamos pouco e ela me fez prometer que vou deixá-la passar um dia inteiro lá no próximo final de semana. Mais uma vez o dilema: alegria ou prevenção?

Ai, como eu quero essa liberdade de volta!


                                                                 Luíza e Letícia

Luíza e Pedro

E, por falar nisso... amanhã partimos para mais um dia de hospital. A décima quinta sessão de quimioterapia. A previsão é de que teremos mais oito pela frente, até dia 23 de agosto. Amanhã faremos hemograma e, na sequência, teremos dois medicamentos para tomar: vincristina e actinomicina. Não deve ser tão demorado, mas também não será dos dias mais rápidos.

Mais uma vez, ela ficou tensa com a ideia de ir ao hospital. Comentou várias vezes que amanhã seria dia de quimio. E, agora à noite, estava impaciente e nervosa. Não queria dormir para não chegar logo amanhã. Foi uma longa conversa, com muitos "nãos" vindos da parte dela: "não quero acordar cedo", "não quero ir ao hospital", "não quero pegar veia"... "Nãos" que doem na mamãe e no papai! Mas, vamo que vamo!!! Menos um dia de hospital, certo?

Boa noite, amigos!

Até mais...

terça-feira, 7 de junho de 2011

O que importa pra você?

Eita terça-feira boa! "Ventou, choveu, esfriou e você ainda diz que foi boa?" - você deve estar se perguntando, né? Pois é... foi um dia ótimo porque, acima de tudo, apesar de tudo e com tudo isso... foi dia de folga! Ai, como a gente gosta desses dias!

O mês de junho vai ser especialmente bom. Só teremos duas sessões de quimio e (acho) que isso vai ajudar o tempo a passar mais rápido. Logo chega julho e, com mais um pulinho, estaremos em agosto. Aí, sim!

Bom, mas mais do que contar o tempo, estamos mais tranquilos porque a Luíza está bem. Passou a semana no mesmo ritmo que tem se mantido nos últimos meses: sem alterações, sem reações, sem efeitos colaterais. Está firme, forte e alegre.

Tem falado bastante sobre o fim do tratamento. Está ansiosa para acabar, para poder retomar sua rotina. Mas procuramos não criar grandes expectativas nela. Claro que ela pode sonhar e vibrar com isso, porém nós mantemos a filosofia de "um dia de cada vez".

Para ela, nada é mais importante do que isso nesse momento. Tanto que comentei com ela esses dias: "nossa, olha que bonitinho! Seus cílios nasceram de novo!". A resposta: "o que me importa isso? O que me importa nascer cílios, cabelo...?". Realmente, para ela isso é o de menos, isso não muda o primordial, que é a liberdade de viver.


Beijos